Pescadora Usa Pesca Para Escapar à Tensão do Câncer
Segunda-feira, 22 de Setembro de 2008 10:45
Darla Bardelli está se aprontando para pescar, e por isso ela coloca seus sapatos cor-de-rosa, que mostram unhas do pé pintadas de rosa, e pega sua vara de pescar rosa. Um momento depois, uma minhoca de plástico corta o ar e cai na água. Pelos próximos segundos ao menos, enquanto espera que o peixe morda, sua mente se concentra na tarefa em andamento.
"Você sempre está com um pé no mundo do câncer", disse Bardelli, "mas pescar ajuda a tirar o resto de mim desse mundo. A vida fica tão fora de controle que poder me concentrar na pesca é um alívio. Eu preciso disso, eu precisava vir aqui".
Bardelli está em um barco de pesca no lago Clarks Hill, praticando para o Torneio Feminino Bassmaster, que começa na quinta-feira. Ela terminou em 24° e 47°, em dois eventos anteriores, e perdeu um terceiro por causa de complicações no tratamento com radiação.
As condições no lago são brutais. O calor extremo fez com que os peixes fugissem para as profundezas das águas, que há três semanas vêm sendo sede de torneios de pesca. As mulheres levam suas três maiores marcas nos quatro eventos para tentar conquistar uma vaga no campeonato, que acontece no mês que vem em Hot Springs, Arkansas, e Bardelli precisa estar entre as 15 primeiras, de 74 participantes.
Ela não praticou muito, não tem barco próprio e ainda está fraca dos tratamentos com radiação, que terminaram há cinco semanas. Ela está em desvantagem física por causa de sua cirurgia ¿ uma mastectomia dupla. Bardelli, 55, encontrou um caroço em seu seio direito em agosto de 2007. O caroço cresceu, a dor se intensificou e ela foi diagnosticada com um câncer de mama em estágio 3 em seu lado direito, e estágio 1 em seu lado esquerdo.
Em setembro passado, seus vistosos cabelos loiros estavam em bolos circulando o ralo de seu chuveiro por causa da quimioterapia. Ela estava chegando ao manequim 32, vindo do 42, com uma perda de 23 quilos, e seu casamento estava desmoronando. Ela não tinha seguro-saúde.
Bardelli balança a cabeça ao falar como sobre como sua vida mudou de maneira tão abrupta, criando tanta insegurança.
Ela apresenta um programa de rádio sobre vida ao ar livre em Phoenix e tem um programa de transmissão nacional, Outdoors America, transmitido por 120 estações nos Estados Unidos. A sua vida era tão vibrante que ela nunca considerou a possibilidade de câncer.
Bardelli, que correu com buggies de areia na Baja Califórnia aos 13 anos, atirou em seu primeiro cervo aos 12 anos, aprendeu a usar esquis aquáticos aos 5 anos, e falava sobre arco e flecha para o seu público predominantemente masculino, estava com a corda toda.
"A minha maior preocupação era cair de meu barco ou prender um anzol em minha mão", ela conta, "e de repente, bum".
Depois da quimioterapia veio a mastectomia, em 11 de fevereiro. Depois disso, a determinação de pegar em uma vara de pescar e não perder nem mais um segundo com autocomiseração.
Quando ela saiu do hospital, depois da cirurgia, Bardelli prendia os tubos de dreno com esparadrapos e andava cinco quilômetros todos os dias para o ponto de pesca mais próximo de sua casa, em Phoenix, para assistir a outros pescadores em ação; depois voltava caminhando. Ela não conseguia segurar uma vara de pescar, por seis semanas, mas queria voltar a ganhar força nas pernas, a fim de estar pronta para ficar em pé em um barco em movimento, em Lewisville, Texas, onde um torneio de pesca aconteceu em abril.
Bardelli dirigiu 25 horas até o Texas em seu jipe amarelo, dormiu na beira da estrada e terminou o torneio em 24° lugar. Ouvintes e patrocinadores ajudaram a pagar sua viagem, e ela narrou a experiência no rádio. A cirurgia não permite que ela continue pescando com carretilhas de força. Ela consegue arremessar iscas e operar a carretilha intensamente por algumas horas, mas depois se cansa e precisa pescar de maneira menos intensa. Bardelli lança a isca e permite que ela repouse no fundo ou a mantém suspensa com uma armação e a puxa lentamente na direção do barco. Enquanto alguns pescadores fazem 1,2 mil lançamentos de isca ao dia, Bardelli mal consegue fazer a metade desse total.
"Ela era boa com varas plásticas, como já havia provado, e consegue pescar com elas", disse Dianna Clark, pescadora do ano em 2006 e amiga de Bardelli ¿uma das pessoas que a vem ajudando a cobrir as despesas de viagem. "Ela é uma mulher incrível. O fato de que continue aqui, apesar de tudo que aconteceu com ela este ano, é incrível".
Bardelli não precisou comprar novas roupas cor de rosa, a cor que as pacientes de câncer de mama usam para simbolizar sua luta, porque havia começado a usá-la há cinco anos. O objetivo dela era combinar a vida ao ar livre com um toque de feminismo, e não imaginava que a cor viesse a representar situação mais dramática em sua vida.
Enquanto treinava com Sharon Teague, uma amiga pescadora, na segunda-feira, Bardelli estava toda vestida de rosa, até mesmo na aba do boné, com brincos decorados com toques de rosa, uma vara rosada, uma linha de pesca da mesma cor e até mesmo as bochechas levemente rosadas, devido ao sol. Quando o torneio começar, ela usará uma camisa com logotipos cor de rosa de seus patrocinadores.
"Não quero ser aquela pessoa que fica perguntando por que uma coisa dessas aconteceu comigo", diz Bardelli. "Eu tenho uma voz forte. Falo francamente sobre o câncer de mama e informo as pessoas de que uma em cada oito mulheres sofrerá dessa doença".
"Onde estão as outras mulheres que vivem a mesma situação que eu? Não as vemos. E você quer saber o motivo? As pessoas as tratam de maneira diferente, elas estão assustadas, elas querem simplesmente se enrodilhar na cama e dormir, fingindo que nada disso jamais aconteceu a elas, e fingindo que não é preciso lutar contra a doença", diz. "Para mim, pescar é algo que ajuda nessa luta", ela afirma.
The New York Times
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Hospital Erasto Gaertner
Torna-se a instituição com o maior estudo sobre Câncer de Mama no Brasil
O Hospital Erasto Gaertner recebeu um prêmio com a apresentação do maior estudo no Brasil sobre “Câncer de Mama:
Estudo dos novos casos, sobrevida e qualidade do registro de câncer”, realizado pelo Serviço de Ginecologia e Mama, da instituição.
A premiação aconteceu na semana passada durante a 3.ª Edição do Congresso de Câncer de Mama, realizado em Gramado.
Com este reconhecimento, o Hospital Erasto Gaertner passou a ter a maior publicação do Brasil da área com o acompanhamento de mais 3.500 mulheres, deste a década de 90.
O trabalho foi finalista na categoria Prêmio Lilly: Prática Clínica em Câncer de Mama entre 100 trabalhos inscritos. Além de Gramado,
o Hospital estará presente no Congresso Internacional de San Antonio, no Texas (USA).
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STRESS PODE AUMENTAR O RISCO DE CANCRO DA MAMA
Resultados de um novo estudo, publicados online na "BioMed Central journal BMC Cancer", sustentam a existência de uma interacção entre eventos adversos na vida, angústia psicológica, e cancro da mama.
De acordo com o principal autor, o Dr. Ronit Peled, em entrevista à Reuters Health, as mulheres jovens que são expostas mais do que uma vez a graves eventos na vida deveriam ser consideradas um grupo de risco para o cancro da mama e serem tratadas em concordância.
O Dr. Peled, da Universidade Ben-Gurion de Negev, em Israel, e colegas estudaram 255 mulheres jovens com menos de 45 anos, que tinham sido diagnosticadas com cancro da mama, e compararam-nas com 367 mulheres saudáveis com idades semelhantes.
A equipa de investigadores avaliou as interacções entre o cancro da mama e eventos adversos na vida, tais como perda de um dos pais, familiar próximo ou parceiro, ou o divórcio dos pais antes dos 20 anos, e eventos da vida ligeiros a moderados, por exemplo, divórcio, perda de emprego, crise económica, ou doença grave de um parente próximo.
Após a correcção de variáveis potencialmente influenciadoras, a análise revelou uma associação positiva entre a exposição a mais do que um evento adverso na vida e o cancro da mama. Para estas mulheres, o risco de cancro da mama aumentou em 62 por cento. Segundo o Dr. Peled, não foi suficiente as mulheres serem expostas a um evento, estas tinham de ter sido expostas a mais do que um evento adverso.
Comparativamente às mulheres saudáveis, as mulheres com cancro da mama também demonstraram resultados significativamente mais elevados de depressão e resultados significativamente mais baixos de felicidade e optimismo.
Além disso, os resultados demonstraram uma associação negativa entre a felicidade e o optimismo e o cancro da mama. Os sentimentos gerais de felicidade e optimismo parecem oferecer uma protecção contra o cancro da mama. O Dr. Peled acrescentou que quanto mais uma mulher estiver feliz e se sentir optimista com a sua vida, menor é a probabilidade de desenvolver cancro da mama.
Isabel Marques